terça-feira, 20 de abril de 2010

Equipamentos de Proteção Individual (EPI's)

Por que utilizar EPI‘s

O uso seguro de produtos fitossanitários exige o uso correto dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s). As recomendações hoje existentes para o uso de EPI’s são bastante genéricas e padronizadas, não considerando variáveis importantes como o tipo de equipamento utilizado na operação, os níveis reais de exposição e até mesmo das características ambientais e da cultura onde o produto será aplicado. Estas variáveis acarretam muitas vezes gastos desnecessários, recomendações inadequadas e podem aumentar o risco do trabalhador, ao invés de diminuí-lo. Estando cientes da possibilidade na recomendação de rotulagem para assegurar a proteção do trabalhador, desenvolvemos este material com os seguintes objetivos:
  • ·                     aprofundar a discussão sobre o uso adequado dos EPI’s;
  • ·                     otimizar os investimentos em segurança;
  • ·                     aumentar o conforto do colaborador;
  • ·                     combater o uso incorreto, que vai desde o não uso até o uso exagerado de EPI’s;
  • ·                     melhorar a qualidade dos EPI’s no mercado;
  • ·                     acabar com alguns mitos.
Ao final, esperamos ajudá-lo a identificar e avaliar de forma mais criteriosa o risco, em função dos níveis de exposição ao produto fitossanitário e da operação a ser executada nas Linhas de Produção, assim como a maneira pela qual você recomenda, adquire, usa (veste, tira, lava, guarda) e descarta os EPI’s.

Por que usar EPI's

EPI’s são ferramentas de trabalho que visam proteger a saúde do trabalhador que utiliza os Produtos Fitossanitários, reduzindo os riscos de intoxicações decorrentes da exposição.
As vias de exposição são:
Inalatória (Nariz)


Oral (Boca)



Ocular (Olhos)



A função básica do EPI é proteger o organismo de exposições ao produto tóxico.
Intoxicação durante o manuseio ou a aplicação de produtos fitossanitários é considerado acidente de trabalho.
O uso de EPI’s é uma exigência da legislação trabalhista brasileira através de suas Normas Regulamentadoras. O não cumprimento poderá acarretar em ações de responsabilidade cível e penal, além de multas aos infratores.

  



Risco


O risco de intoxicação é definido como a probabilidade estatística de uma substância química causar efeito tóxico. O Risco é uma função da toxicidade do produto e da exposição.


Risco = f (toxicidade; exposição)


A toxicidade é a capacidade potencial de uma substância causar efeito adverso à saúde. Em tese, todas as substâncias são tóxicas, e a toxicidade depende basicamente da dose e da sensibilidade do organismo exposto. Quanto menor a dose de um produto capaz de causar um efeito adverso, mais tóxico é o produto.
Sabendo-se que não é possível ao usuário alterar a toxicidade do produto,
a única maneira concreta de reduzir o risco é através da diminuição da exposição. Para reduzir a exposição o colaborador deve manusear os produtos com cuidado, usar equipamentos de aplicação bem calibrados e em bom estado de conservação, além de vestir os EPI‘s adequados.



RISCO
TOXICIDADE
EXPOSIÇÃO
ALTO
ALTA
ALTA
ALTO
BAIXA
ALTA
BAIXO
ALTA
BAIXA
BAIXO
BAIXA
BAIXA
 


 Responsabilidades     
      


 














A legislação trabalhista prevê que:
É obrigação do empregador:              
·                     fornecer os EPI’s adequados ao trabalho
·                     instruir e treinar quanto ao uso dos EPI’s
·                     fiscalizar e exigir o uso dos EPI’s
·                     repor os EPI’s danificados
É obrigação do trabalhador:                
·                                             usar e conservar os EPI’s


Quem falhar nestas obrigações poderá ser responsabilizado
·                                                                    O empregador poderá responder na área criminal ou cível, além de ser multado pelo Ministério do Trabalho.
·                                                                    O funcionário está sujeito a sanções trabalhistas podendo até ser demitido por justa causa.
É recomendado que o fornecimento de EPI’s, bem como treinamentos ministrados, sejam registrados através de documentação apropriada para eventuais esclarecimentos em causas trabalhistas.



Os responsáveis pela manipulação devem ler e seguir as informações contidas nos rótulos, bulas e das Fichas de Informação de Segurança de Produto Químico (FISPQ) fornecidas pelas indústrias, quais são os EPI’s que devem ser utilizados para cada produto.
O papel do Engenheiro ou do Técnico de Segurança é fundamental para indicar os EPI’s adequados, pois além das características do produto, como a toxicidade, a formulação e a embalagem, o profissional deve considerar os equipamentos disponíveis para as etapas da manipulação e as condições da lavoura, como o porte, a topografia do terreno, etc.


Lavagem e manutenção        
Os EPI’s devem ser lavados e guardados corretamente para assegurar maior vida útil e eficiência. Os EPI’s devem ser lavados e guardados separados das roupas comuns.


Lavagem
As vestimentas de proteção devem ser abundantemente enxaguadas com água corrente para diluir e remover os resíduos dos componentes químicos utilizados nas Linhas de Produção ou da calda de pulverização, utilizada no campo.
A lavagem deve ser feita de forma cuidadosa, preferencialmente com sabão neutro (sabão de coco). As vestimentas não devem ficar de molho.
Em seguida as peças devem ser bem enxaguados para remover todo o sabão.

O uso de alvejantes não é recomendado, pois poderá danificar a resistência das vestimentas.
As vestimentas devem ser secas à sombra, para usar máquinas de lavar ou secar, consulte as recomendações do fabricante.


As botas, as luvas, os óculos e a viseira devem ser enxaguados com água abundante após cada uso. É importante que o ÓCULOS e a VISEIRA NÃO SEJAM ESFREGADAs, pois isto poderá arranhá-las, diminuindo a transparência.


Os respiradores ou máscaras devem ser mantidos conforme instruções específicas que acompanham cada modelo. Respiradores com manutenção (com filtros especiais para reposição) devem ser descontaminados e armazenados em local limpo. Filtros não saturados devem ser envolvidos em uma embalagem limpa para diminuir o contato com o ar.


Reativação do tratamento hidro-repelente:
Testes comprovam que quando as calças e jalecos confeccionados em tecido de algodão tratado para tornarem-se hidro-repelente são passados a ferro (150 a 180°C), a vida útil é maior. Somente as vestimentas de algodão podem ser passadas a ferro.
Descarte:
A durabilidade das vestimentas deve ser informada pelos fabricantes e checada rotineiramente pelo usuário. Os EPI’s devem ser descartados quando não oferecem os níveis de proteção exigidos. Antes de ser descartados, as vestimentas devem ser lavadas para que os resíduos do produto fitossanitário sejam removidos, permitindo-se o descarte comum.
Atenção: as vestimentas de proteção desgastadas devem ser rasgadas para evitar a reutilização.

 Mitos


Existem alguns mitos que não servem mais como desculpa para não usar EPI’s:


EPI’s são desconfortáveis
Realmente os EPI’s eram muito desconfortáveis no passado, mas atualmente existem EPI’s confeccionados com materiais leves e confortáveis. A sensação de desconforto está associada a fatores como a falta de treinamento e ao uso incorreto.


O Colaborador ou Aplicador do campo não usa EPI’s
O trabalhador recusa-se a usar os EPI’s somente quando não foi conscientizado do risco e da importância de proteger sua saúde. O profissional exige os EPI’s para trabalhar. Ex.: na década de 80 quase ninguém usava cinto de segurança nos automóveis, hoje a maioria dos motoristas usam e reconhecem a importância.


EPI’s são caros
Estudos comprovam que os gastos com EPI’s representam, em média, menos de 0,05% dos investimentos necessários. Alguns casos como a soja e milho, o custo cai para menos de 0,01%. Insumos, fertilizantes, sementes, produtos fitossanitários, mão-de-obra, custos administrativos e outros materiais somam mais de 99,95%. O uso dos EPI’s é obrigatório e não cumprimento da legislação poderá acarretar em multas e ações trabalhistas.
Precisamos considerar os EPI’s como insumos agrícolas obrigatórios.



Considerações Finais                


O simples fornecimento dos equipamentos de proteção individual jamais será capaz de proteger a saúde do trabalhador e evitar contaminações. Incorretamente utilizados, os EPI’s podem comprometer ainda mais a segurança do trabalhador.
Acreditamos que o desenvolvimento da percepção do risco aliado a um conjunto de informações e regras básicas de segurança são as ferramentas mais importantes para evitar a exposição e assegurar o sucesso das medidas individuais de proteção a saúde do trabalhador.
O uso correto dos EPI’s é um tema que vem evoluindo rapidamente e exige a reciclagem contínua dos profissionais que atuam na área de ciências agrárias através de treinamentos e do acesso a informações atualizadas.
Bem informado, o profissional de Segurança no Trabalho, poderá adotar medidas cada vez mais econômicas e eficazes para proteger a saúde dos trabalhadores, além de evitar problemas trabalhistas.



Higiene            


Contaminações podem ser evitadas com hábitos simples de higiene.
Os produtos químicos normalmente penetram no corpo do manipulador através do contato com a pele. Roupas ou equipamentos contaminados deixam a pele do trabalhador em contato direto com o produto e aumentam a absorção pelo corpo. Outra via de contaminação é através da boca, quando se manuseiam alimentos, bebidas ou cigarros com as mãos contaminadas.

Procedimentos importantes para evitar contaminações:
Lave bem as mãos e o rosto antes de comer, beber ou fumar;
  • Ao final do dia de trabalho, lave as roupas usadas no manuseio ou na aplicação,separadas dasroupas de uso da família;
  • Tome banho com bastante água e sabonete, lavando bem o couro cabeludo, axilas, unhas e regiões genitais;
  • Use sempre roupas limpas;
  • Mantenha sempre a barba bem feita, unhas e cabelos bem cortados.
  • Faça revisão periódica e substitua os EPI estragados.
Transporte          


O transporte de produtos fitossanitários exige medidas de prevenção para diminuir os riscos de acidentes e cumprir a legislação de transporte de produtos perigosos.
O desrespeito às normas de transporte pode gerar multas para quem vende e para quem transporta o produto.
Procedimentos para o transporte de produtos fitossanitários:
  • ·                     O veículo recomendado é do tipo caminhonete e deve estar em perfeitas condições de uso (freios, pneus, luzes, amortecedores, extintores etc);
  • ·                     As embalagens devem estr organizadas de forma segura no veículo e cobertas por uma lona impermeável, presa à carroceria;
  • ·                     Nunca transporte embalagens danificadas ou com vazamentos;
  • ·                     É proibido o transporte de produtos fitossanitários dentro das cabines ou na carroceria, quando esta transportar pessoas, animais, alimentos, rações ou medicamentos;
  • ·                     O transporte de produtos fitossanitários deve ser feito sempre com a nota fiscal do produto e o envelope de transporte;
O transportador deverá receber do expedidor (fabricante ou revendedor) as informações sobre o produto, o envelope para transporte e a ficha de emergência para transporte;

  • ·                     Quando o produto for classificado como perigoso para o transporte (ficha de emergência com tarja vermelha), a nota fiscal deve ter informações como o número da ONU, nome próprio para embarque, classe ou sub-classe do produto, além do grupo de embalagens;
  • ·                     Dependendo da sua classificação, cada grupo de embalagem pode apresentar uma quantidade isenta (limite de isenção) para o transporte.
A seguir, veja quais são das exigências adicionais para transportar produtos perigosos em quantidades acima dos limites de isenção:
  • ·                     Motorista deve ter habilitação especial;
  • ·                     Veículo deverá portar rótulos de riscos e painéis de segurança;
  • ·                     Kit de emergência contendo EPI (equipamentos de proteção individual), cones e placas de sinalização, lanterna, pá, ferramentas, etc.

Primeiros socorros em caso de acidentes         


Via de regra os casos de contaminação são resultado de erros cometidos durante as etapas de manuseio ou aplicação de produtos fitossanitários e são causados pela falta de informação ou displicência do operador. Estas situações exigem calma e ações imediatas para descontaminar as partes atingidas, com o objetivo de eliminar a absorção do produto pelo corpo, antes de levar a vítima para o hospital.
Procedimentos básicos para casos de intoxicação:   
  • ·                     Descontamine a pessoa de acordo com as instruções de primeiros socorros do rótulo ou da bula do produto;
  • ·                     Dê banho e vista uma roupa limpa na vítima, levando-a imediatamente para o hospital;
  • ·                     Toda pessoa intoxicada deve receber atendimento médico imediato;
Ligue para o telefone de emergência do fabricante, informando o nome e idade do paciente, o nome do médico e o telefone do hospital.



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